“João”

20:55 0 Comments

Entrei em várias portas buscando a verdade
Trilhei vários caminhos para encontrar-me contigo
Tentei em vão saciar minha sede em muitos cálices
Busquei a chave para me libertar das correntes do meu eu
Preenchi o enorme vazio da minha alma com coisas pequenas

E para que causa trabalhavam minhas mãos e escorria meu suor?!
E onde se achava paz, se tinha mais insatisfação?!
E para onde olhar quando se era menor perante o medo?!
E o que fazer para ter uma tarde de sossego?!
E como acalmar meu coração nos dias de dor?!

Entrei em várias portas buscando a verdade para salvação da terra desolada
Procurando pastagem na hora ingrata
E percorri muitos caminhos até te achar
Foi tal João que falou o que disseste na terra prometida
Quem entrasse por ti teria a vida feita e abastecida

Não era fome de pão que tinha, pra te procurar
Era medo do sofrimento que fazia te buscar
Entrei em várias portas buscando pastagem
Foi um tal João que falou que quando te achasse, acabaria a minha viagem.

B.C.

Perfeição

16:18 0 Comments

Num desses dias onde tudo parece enfadonho
Longe vejo um triste rosto
encontrado apenas em meu sonho
Como a luz divina os olhos contempla
Foi a imagem dessa mulher a minha fronte

Desejo de tê-la
não pude conter-me
Mas quando se acha a perfeição de uma obra
Tão logo se aproxima
E se torna incompleta, imperfeita

Onde encontrar a perfeição?
No divino intelecto?
Na arte maior o criador criou algo perfeito?

Na embriaguez de um copo encontro a felicidade efêmera
Soluções para entraves inconstantes
O que fazer e o que falar
Sem dúvida algo duvidoso

Buscar o que não se sabe
A vida, a liberdade
O amor e a saudade

Num desses dias onde tudo parece enfadonho
Eu busco a mudança
Quero sair por aquela porta do monótono
E encontrar algo que possa me motivar
Algo novo para que a vida se torne mais feliz
(Alberto Roma)

Sapatos velhos

17:00 0 Comments

Nessas caminhadas pela vida,
Meus pés já se encheram de feridas
A cada saída, uma cicatriz diferente surgia
E a dor não desaparecia.

As feridas diminuíram, quando comprei sapatos novos,
Mas meus pés se encheram de calos dolorosos
Depois que os sapatos ficaram velhos,
se tornaram meus melhores amigos
Já não me davam calos,
e me protegiam nas horas de aflito.

Não é à toa que as amizades são que nem sapatos velhos
No início podem te dar calos,
mas depois que eles amoldam-se aos pés,
são os que menos te machucam e os que mais te protegem.

E eu, quando criança, não entendia o conselho da minha vó,
ao me calçar com aqueles sapatos velhos, me dizendo :
“Menino, não sai descalço por ai! É mais fácil de te machucar...”

(B.C.)

Cartas de amor

17:22 1 Comments

Tenho muitas cartas que prometiam amor eterno
Não duraram mais que alguns anos
Outras duraram mais que alguns meses

Tenho muitas cartas prometendo o amor que se busca a vida toda
E que nessa busca muitas vezes tola
se pensa ter achado
Mas logo se torna apenas tinta no papel amassado

Guardo numa caixa verde todas essas cartas de amor