domingo, 17 de agosto de 2008

Em tempos de eleição

Peça brasileira

O dramaturgo sobe ao palco onde a platéia ansiosa o aguardava,
suas falas em sua mente já gravará.
Ao abrir as cortinas tão logo houve inspiração
e suas primeiras palavras foram ouvidas com atenção:
- Povo brasileiro se for eleito...

Em um vão momento derramou-se em prantos,
por essa vida tantas vezes dúbia,
onde se vive os desencantos
e se espera o melhor da dramaturgia

A platéia emocionou-se com tamanha eloqüência
Quando o dramaturgo chegou ao ápice de sua malevolência:
-Em meu governo não haverá corrupção, nem violência!

No teatro de nome Vida, onde acontecia o ocorrido,
quase todos aplaudiam a estrela da noite, hora comprometido.
Era fato que todos queriam sair da caverna,
mas muitos vendiam sombras

O dramaturgo agradeceu os aplausos a sua peça teatral,
que escreveu com tamanha fé
e alguns tomates viu voar,
entretanto a maioria celebrava a peça de pé;
e no palco alguém tomava o vinho mais caro e comia o melhor caviar.

O pão e vinho foram servidos,
e para maioria essa era a melhor parte.
A peça prosseguiu e a consciência no palco havia se perdido.
Agora era arte pela arte

A peça por muito tempo se prossegue,
pois a cortina só irá fechar,
quando o barulho dos aplausos que segue
for trocado pelas vaias a ecoar.
(Breno Castro)

Um comentário:

  1. hum...
    interessante e complexo....e nos dias de hje fazem todo o sentido...

    ai vai algo ;claro que sempre existe exceçoes...

    Estamos às portas de mais uma eleição. O momento é de uma grande peça teatral. Sim, os políticos sobem no palco, põem suas máscaras, representam honestidade e prometem mudanças extraordinárias.

    Os candidatos-atletas numa corrida desenfreada para tomar posse da primeira colocação, tentam derrubar os concorrentes, fazem trapaças, inventam mentiras e tornam público o que os outros fizeram de errado.

    E então, os que se sentem atingidos, contra-atacam e ficam um jogando casca de banana no outro e os que vêm atrás, levam um escorregão.

    Esta é a eleição brasileira, que é uma comédia e ao mesmo tempo um drama.

    Quem quer votar?

    O voto obrigatório é uma agressão à liberdade. Se pensar bem, não votar também deveria ser um direito. Como protesto as pessoas anulam seus votos ou votam em branco.

    Qual é o melhor candidato?

    Estes candidatos-atores, estão tão bem maquiados e fazem cara de santos, que quase convencem. Sim, porque ninguém se esquece do depois das eleições, passadas. O problema é que os políticos sofrem de amnésia. O candidato não se lembra de suas promessas, mas o povo não se esquece.

    E o povo brasileiro se sente enganado. Ninguém agüenta mais esta representação teatral e se recusam a ser platéia de um ato que é uma agressão ao cidadão.

    Mas a culpa é sempre do povo: O brasileiro não sabe votar. [Não é assim que dizem?]

    Ou estão faltando candidatos de mais caráter?

    Mas alguns candidatos parecem ser tão sinceros, que se ganham uma eleição deveriam receber um troféu, um Oscar, como melhor ator.

    Lá vai o brasileiro, de título na mão e enfrentar uma fila rumo à forca.

    Mas, quem será decepado... o Brasil.

    Este país que já perdeu a cabeça tantas vezes, inclina-se mais uma vez na guilhotina, com um fundo musical do Hino Nacional Brasileiro:

    ... em teu seio. Oh, liberdade, desafia o nosso peito a própria morte! Oh, pátria amada, idolatrada, salve! salve!...

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